Psicologia da educação - 'entre os muros da escola'

Marcos Cardoso de Serra
Psicologia da educação

“Educação e relações interpessoais” e “Entre os muros da escola”

Em seu artigo sobre as relações interpessoais no meio escolar, Dante Moreira Leite organiza suas reflexões em torno de duas ideias centrais:
- O processo de formação se dá ele próprio através das relações interpessoais;
- Ao mesmo tempo, esse processo de formação visa, entre outras coisas, preparar os alunos para estabelecer futuras relações interpessoais. O presente trabalho é uma exposição sobre como essas ideias são abordadas pelo filme “Entre os muros da escola”, de Laurent Cantet. O filme busca retratar a tensão entre um professor e seus alunos em uma escola da periferia de Paris que é frequentada sobretudo por filhos de imigrantes. A primeira ideia central do texto de Moreira Leite – a que aponta as relações interpessoais como meio de aprendizado – aparece no filme tanto através das tentativas do protagonista (o professor de francês François Marin) de envolver seus alunos com a disciplina quanto na sua ineficiência em controlar certos aspectos de seu próprio comportamento em sala. Uma tentativa de envolvimento dos alunos consiste da escolha do Diário de Anne Frank, um filme capaz de suscitar questões étnicas e permitir algum grau de identificação com a classe formada por filhos de imigrantes, eles próprios vítimas de preconceito. Outras tentativas – estas feitas de forma mais rígida – de alertar os alunos para questões de alteridade – são as constantes tentativas de mediar as críticas que os alunos fazem uns aos outros (o trecho mais exemplar é a defesa da aluna que está escrevendo uma conjugação e comete alguns erros, mas há outros). Embora faça estas tentativas de levar os alunos a se verem como iguais, Marin simultaneamente os diferencia ao elogiar constantemente um dos alunos – Wey – tanto por seu desempenho quanto por seu comportamento, que é excessivamente dócil. Moreira Leite aponta a dificuldade do professor em se manter