Prólogo

Prólogo

Novembro de 19**

- E então? Qual é o seu preço?
A neve batia timidamente contra os vitrais, mas nenhum ruído invadia a sala quente e aconchegante da mansão escolhida para esse ano. A lareira estava acessa e na frente dela um homem repousava tranquilamente em um sofá de couro vermelho. Os tons claros do seu cabelo oscilavam sutilmente acompanhando o bruxelar das chamas, assim como o brilho dos seus olhos, que oscilavam de um tom de cobre para outro mais escuro. Mas não estava sozinho. Ao seu lado uma serpente albina analisava, com admirável desinteresse, o homem que andava pelo aposento com feições impacientes. Exceto por esses três, o ambiente estava tão vazio quanto o pátio do lado de fora das enormes janelas.
- E quem lhe disse que ainda estou à venda, Tom? – Retrucou para o homem corpulento e calvo.
- Ora, não seja idiota. – Respondeu o homem com impaciência. - Meu chefe está lhe oferecendo o dobro do que aquele velho lhe prometeu. – Seu olhar suavizou, e completou. – todo homem tem seu preço, e o Sr.C quer você, Galles.
- Me sinto lisonjeado. Mas sabe? – olhou para o homem do outro lado da sala enquanto fazia uma pausa dramática. - Seu chefe não parece alguém acostumado a perder. – disse Galles, bebendo lentamente o conteúdo da sua taça. – Por isso lamento tanto quebrar esse hábito, que parece ser tão... Saudável. – por mais que ele estivesse tremendo por dentro não poderia externar seus sentimentos. Tentou manter as mãos em movimento para que não se entregasse. Continuou bebendo o vinho com uma mão e alisando Hórus, a serpente albina, com a outra. Lembrou-se que deveria sorrir com indiferença, e no mesmo instante o fez. Por sorte, sempre foi bom com atuações e blefes. Olhou o relógio antigo colocado em cima da lareira. Só mais 3 minutos.
- Sinceramente, estou completamente admirado. – disse Tom ao se sentar de forma brusca na poltrona perto do sofá em que Galles estava. – Não consigo conceber a ideia