Prostitutas e mães sem mácula

4419 palavras 18 páginas
Prostitutas e “mães sem mácula”: alteridade e identidade feminina no Brasil colonial.

É através dos imaginários sociais que uma coletividade estabelece a distribuição dos papéis e das posições sociais1. Assim, é através de sua visão de mundo que estrangeiros que visitaram o Brasil duarante os séculos XVIII e XIX formaram seus discursos sobre o papel e o lugar da mulher na sociedade colonial. Na maioria dos casos, os compêndios e livros sobre o comportamento feminino foram escritos por homens e estrangeiros, e resumem de maneira clara sua visão sobre o “outro” e as idéias que estes possuíam sobre a conduta de tais mulheres.
Segundo Isabel de Castro Henriques “ Quando os portugueses saem do espaço peninsular para ir ao encontro do Outro levam consigo a certeza da sua autonomia, que contém também a convicção de que os Outros, sejam quais forem , não podem ser senão inferiores: o que não está no nosso espaço não pode possuir qualidades positivas.”2 Assim, eles exprimiam em seus escritos crenças misógenas e dúvidas sobre a natureza feminina e sobre seu comportamento, estabelecendo regras de conduta e de relacionamento entre os sexos.
Os valores morais das sociedades do século XVIII e início do XIX, baseados em preceitos judaíco-cristãos estabeleciam que as mulheres deveriam ser fieis e honradas, submissas aos homens independentes de sua condição social. A honra era a principal virtude feminina, era um bem semelhante a vida e na visão da sociedade da época estava diretamente ligada a questão da sexualidade, isto é, ao controle que as mulheres exerciam sobre os desejos de seu corpo. Para as mulheres solteiras a honra estava vinculada a castidade e para as casadas era revestida na fidelidade ao marido.
Em função dessa visão masculina sobre o “outro”, a honra feminina se construía em relação à vida pública. Era em função do olhar do “outro” sempre presente que a sociedade determinava se a mulher era ou não horada, era em relação a esse olhar que as pessoas criavam

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