Primeira Guerra Mundial Lowe
A ECLOSÃO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Norman Lowe1
I.1. PRÓLOGO Ao abrigo da escuridão da já avançada noite de 5 de agosto de 1914, cinco colunas de tropas de assalto alemãs, que haviam penetrado na Bélgica dois dias antes, convergiam na cidade de Liége esperando escassa resistência. Para sua surpresa, foram detidas por uma canhonada vigorosa procedente dos fortes dos arredores da cidade. Para os alemães isto significava um grave contratempo: o controle de Liége era essencial para que pudessem prosseguir com sua operação principal, a invasão da França. Viram-se forçados a recorrer à táticas de sítio e emprego de canhões pesados. Estes faziam explodir granadas que caíam desde uma altura de 4 mil metros e destroçavam a blindagem dos edifícios. Apesar de sua solidez, as fortalezas belgas não estavam equipadas para suportar semelhante bombardeio por muito tempo; a 13 de agosto rendeu-se a primeira delas e três dias mais tarde Liége se achava em poder dos alemães. Este foi o primeiro combate importante da Primeira Guerra Mundial, o espantoso conflito de proporções descomunais que haveria de assinalar o princípio de uma nova era na história da Europa e do mundo inteiro.
I.2. O MUNDO EM 1914
a) Em 1914, a Europa ainda dominava o resto do mundo e a maioria das decisões que moldavam o destino deste eram tomadas nas capitais européias. Dentro da Europa, a Alemanha era a potência principal, tanto militar como econômica. Tinha alcançado a Grã-Bretanha na produção de ferro e aço, ainda que não completamente na de carvão de pedra, enquanto que a França, Bélgica, Itália e Áustria-Hungria (o império dos Habsburgos) seguiam muito atrás. A indústria russa estava expandindo-se rapidamente, porém seu atraso inicial era tal que não podia representar um desafio sério para a Alemanha e a Inglaterra. Entretanto, tinha sido fora da Europa onde se desenvolveu o progresso industrial mais impressionante dos últimos 40 anos. Em 1914, os Estados Unidos produziam mais