Por uma imagem imaculada
Os brinquedos confeccionados em “matéria plástica” produzidos industrialmente, facilmente promoviam, incitavam através de suas cores, texturas, volumes e principalmente pela “beleza” de suas formas, um forte apelo a nossa particular e pôr que não dizer “instintiva” necessidade em deter, reproduzir, e pôr fim “possuir” todo um elenco de objetos e “coisas” as quais, segundo nosso próprio entendimento, de alguma forma credenciavam – nos a pertencer, a “estarmos” de fato no mundo. Quase tudo o que conhecíamos e “imaginávamos”, víamos ser facilmente moldado, configurado, sobre as superfícies artificialmente maleáveis, próprias destes incríveis objetos derivados do petróleo.
As crianças, ao montarem um simples “forte-apache”, ou uma casa de bonecas, sem maiores constrangimentos, requisitavam do fundo de seu “universo lúdico”, uma série de elementos dotados de “significação”, os quais pôr sua vez, permitiam operar uma meticulosa construção simbólica- imagística, homogeneamente articulada, negociável, segura e inocente.
Neste sentido, ao dotá-los de “significação”, passávamos a encará-los como elementos de fácil dominação, isto, quando vez ou outra, não acabávamos por convertê-los numa espécie de “réplica” perfeita. Assim passamos a desenvolver algumas considerações relacionadas á “fotografia”. Justificamos tal escolha, em função de tê-la a muitos anos acolhido, como eficiente tradução de um mundo permeado de códigos e representações; espécie de “espelho” ou “amuleto” capaz de reproduzir ao infinito um universo de coisas pôr ela facilmente “aprisionado”.
Logicamente devemos dizer que, efetuados os devidos ajustes, desdobramentos e atualizações, passamos a perceber em relação à fotografia, a ocorrência de idêntico fenômeno relatado em minha primeira experiência com os materiais “sintéticos”. De alguma forma seu estatuto foi seriamente corrompido. Seu caráter “aurático”, seu aspecto original, único,