Politica fisica
Física e políticas públicas
José Goldemberg
ASSUMINDO O RISCO de desapontar os físicos, meus colegas, não falarei hoje sobre a pesquisa em Física e sua relevância para a compreensão da natureza, mas sobre a importância da Física para as políticas públicas.
Com relação à pesquisa em Física, poderia apenas repetir aqui os conhecidos exemplos de como a astronomia se desenvolveu em tempos antigos, falar do trabalho de Arquimedes, dos brilhantes trabalhos de Galileu, Newton e Einstein, do entendimento da estrutura de átomos e núcleos, do desenvolvimento da Física Nuclear e de minhas tentativas de contribuir nessa área.
Trabalhei como físico nuclear nos primeiros 25 anos de minha carreira e tentei, até meados da década de 70, não apenas compreender os avanços atuais na Física mas acrescentar-lhes alguma coisa fazendo experiências com elétrons de energia média (até 100 Mev). Meu trabalho mais significativo – segundo penso – foi a medição da influência das correntes nucleares (e do magnetismo nuclear) no espalhamento elástico e inelástico de elétrons, o qual, em condições normais, é muito menor do que o espalhamento provocado por cargas nucleares, sendo, por isso, difícil de detectar.
Usando uma técnica especial desenvolvida no Laboratório de Física de Altas Energias da Universidade de Stanford, W.C. Barber e eu medimos o momento magnético de núcleos leves e conseguimos provocar a ressonância gigante que resulta do movimento coletivo de prótons contra nêutrons nos núcleos. Como benefício adicional dessa técnica, tentamos medir o momento magnético do Hélio-4 que, conforme se acreditava, era zero. O resultado foi um novo e importante limite superior no tamanho do elétron – o mais baixo conseguido até aquela data.
Na segunda parte de minha carreira, fui aos poucos empurrado para cargos mais administrativos, e comecei a entender o que a Ciência – e particularmente a Física – podem fazer pelas pessoas. Falando com franqueza,