Os Lusíadas

Este fichamento tem como principal finalidade sintetizar as principais ideias contidas no texto Duas personagens de Os Lusíadas: Vénus e Baco, de Antônio Manuel Ferreira. Capa da primeira edição de Os Lusíadas, de 1572.

Fonte: Wikipédia
N
o começo de seu texto, Antônio Manuel Ferreira nos traz uma visão de 1941, do poeta Miguel Torga sobre Os Lusíadas. Parte de seu julgamento diz: “(...) apesar daquela arquitectura toda, daquela admirável fábrica, Os Lusíadas não conseguem quebrar a sua condenação de epopeia para uso interno. Não me parece que haja boa vontade capaz de comprar o herói Gama a Eneias ou a Ulisses”. Dito isto, o autor nos mostra que, anos mais tarde, em 1987, quando Torga tocou novamente no assunto, sua visão acerca da obra camoniana não era a mesma. Em nota, o poeta relata: “Aquiles, Ulisses, Eneias não passam de meras ficções. (...) Camões, pelo contrário embora recorra ainda à providência conflituosa de um Olimpo desavindo, em obediência aos cânones clássicos que lhe serviam de modelo — e essa transigência é hoje a parte mais frágil do poema —, pinta indivíduos coetâneos em acção, que se chamam Gamas, Albuquerques, Castros, Leonardos ou Velosos e actuam por conta própria”.
Pois bem, essa mudança de opinião que Torga nos apresenta mostra que, por mais que queiramos fazer de Os Lusíadas uma obra definitiva com apenas um leitura, isso será muito pouco provável, em função da riqueza que rege a obra camoniana. Os Lusíadas têm o poder de mexer com os mais profundos sentimentos do leitor. A complexidade, a pluralidade de segmentos narrativos, a cultura polifacetada, a configuração de vários mundos fazem com que a obra não só seja preenchida de vida, mas gera sempre um desafio permanente nos leitores de todas as épocas.
Antônio Manuel Ferreira explica que, assim como há quem pense que Os Lusíadas não são um poema épico, há quem pense que o tema central escolhido por Camões “não é o