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8305 palavras 34 páginas
A intencionalidade em Husserl e em Merleau-Ponty____________________________________________________________________________
Ana Elisa Antunes Viviani*
Princípio
Muito do desenvolvimento da fenomenologia husserliana deveu-se a Franz Brentano. Este filósofo e professor universitário criou uma metafísica científica em que juízos apriorísticos coexistem com o empirismo. Além disso, desenvolveu vários estudos sobre fenômenos psíquicos e a partir das leituras de Aristóteles recuperou a intencionalidade da escolástica medieval. Husserl foi seu aluno e portanto bastante influenciado por ele.
Tanto Brentano, quanto Husserl, conviveram num momento histórico em que o positivismo lógico passava por uma fase crítica. Era preciso relativizar o conhecimento científico, sendo necessário o desenvolvimento de novas teorias do conhecimento que retomassem o papel do sujeito pensante. São feitas releituras de Kant, surgindo o neo-kantismo. Porém, ainda é necessário retomar o sujeito concreto, o que será feito inicialmente por Brentano. "O seu ulterior sucesso vem, sem dúvida, de que ele respondia, mais que qualquer outra fórmula, a uma necessidade de acesso ao ser que era o sentido mesmo do retorno à vida e ao concreto."
No entanto, enquanto Brentano voltava-se para o psicologismo, afirmando que apenas o fenômeno psíquico seria indubitável, Husserl procurava afastar-se dele, pois buscava uma teoria do conhecimento que englobasse também as ciências puras, como a matemática e a física. Era impossível pelo psicologismo que um sujeito cognoscente pudesse alcançar com objetividade uma evidência externa à sua própria.
As inquietações de Husserl diziam respeito à dicotomia basilar do pensamento cientifico, inaugurada por Descartes, que separava o sujeito do objeto. A análise reflexiva falhou ao restringir o cogito cartesiano como condição única de existência do mundo. Se fosse assim, a comunicação seria impossível, pois o sujeito se colocaria numa subjetividade inalcançável.

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