Narrativa em 3ª pessoa

Avenida dos Sonhos
Maria Lúcia tinha dezoito anos no dia em que saiu de casa. Era primavera, e todo mundo andava mais alegre devido ao término do inverno, menos o pai da jovem Luci, como ele gostava de a chamar. Como todo bom e dedicado pai, seu Miro não aceitava o fato de que Luci fora a morar sozinha, pois acreditava que ela era muito jovem para isso.
Lembro-me bem do dia em que ela tomou a decisão e resolveu contar a eles. Mesmo muito brava, dona Rita, a mãe de Luci, engoliu o choro e fingiu muito bem aceitar a situação. Dizia ela que: “- Só assim pra essa menina dar mais valor pra tudo que ganha em casa”. Já o pai, muito bravo, batia forte com as mãos na mesa, indignado com a situação. Magoada e revoltada com seus pais, logo que todos foram dormir, a jovem saiu de casa nesse mesmo dia.
Luci já tinha arrumado um emprego. Ela trabalhava oito horas diretas como caixa em uma grande rede de supermercados da cidade. E, à noite, fazia cursos de qualificação pago pelos seus pais.
Nesse mesmo dia, a garota não tinha onde passar a noite, então, ligou para sua melhor amiga e combinaram de que ela dormiria em sua casa, mas não poderia falar para seus pais que tinha fugido de casa. A moça se chamava Leticia, ou Leka para os mais chegados. As duas se conheciam desde os sete anos de idade e sempre iam juntas para escola. Eram inseparáveis. Amigas mais unidas que irmãs.
Depois daquela longa noite, que parecia ter demorado tanto pra passar, finalmente amanheceu. E como nos velhos tempos as duas saíram juntas para trabalhar, pois Leka trabalhava em uma perfumaria em frente ao supermercado que Luci trabalhava. Na hora de cruzar a rua, um caminhão desgovernado atropelou as jovens. Todos que assistiram ao fato falaram que foi uma cena horrível. O motorista entrou em desespero. Ambulâncias, policia, imprensa e vizinhos curiosos tomaram a Avenida dos Sonhos, a principal rua que cortava o bairro.
Leka quebrou o braço esquerdo e teve várias machucados pelo corpo. Seus pais,