movimento puritano
O Movimento Puritano e João Calvino
Franklin Ferreira*
Este ensaio tem por objetivo demonstrar que o movimento puritano inglês estava dando prosseguimento às ênfases teológicas e práticas do reformador João Calvino. Em tempos recentes, tem havido, em parte devido à influência neo-ortodoxa, uma tentativa de colocar os credos históricos reformados posteriores em oposição a Calvino, numa tentativa de desacreditá-los. Essa tentativa será brevemente examinada no presente artigo. O mesmo encerra com uma exposição da piedade reformada, pois ela permanece como um perene modelo de reforma e avivamento.
I. UM POUCO DE HISTÓRIA
A origem do puritanismo está ligada às confusões amorosas do rei Henrique VIII (150947)1 e à chegada do protestantismo continental à Inglaterra. O movimento puritano, em seus primórdios, foi claramente apoiado e influenciado por João Calvino (1509-1564),2 que a partir de 1548 passou a se corresponder com os principais líderes da reforma inglesa. Em 1534 é promulgado o Ato de Supremacia, tornando o rei o “cabeça supremo da Igreja da Inglaterra.” Com a anulação do seu casamento com Catarina de Aragão, sobrinha de Carlos V, o rei Henrique VIII e o Parlamento inglês separam a Igreja da
Inglaterra de Roma, em 1536. Nesse ano, Miles Coverdale publicou a Bíblia completa em inglês. Os livros de Lutero circulavam livremente em Oxford e Cambridge. A princípio,
Henrique VIII buscou favorecer a Reforma, mas depois, de 1539 a 1547, moveu uma perseguição aos protestantes. Em 1539, foram aprovados pelo Parlamento os Seis
Artigos, que tornavam obrigatória a crença em doutrinas características da Igreja Católica
Romana: a transubstanciação, a comunhão sob uma espécie, o celibato e a confissão auricular. Na teologia, a Igreja continuou fiel a Roma. O rei morreu doutrinariamente católico romano. A Reforma, então, teve início na Inglaterra pela autoridade do rei e do
Parlamento.
Em 1547, Eduardo VI, um menino muito