morte na tarde
Não se importando com quem pudesse ser a vítima. Dentre esses horrores , não era menos popular a morte na corrente , na qual uma vitima única era designada para ser morta por outra, que, por sua vez, era desarmada e morta, e assim ao longo de toda a linha.A existência de uma economia parasitária e de um sistema político predatório produziu uma instituição urbana tipicamente romana, que compreendia ambos os aspectos de sua vida e lhes dava um cenário dramático: a antiga prática do sacrifício religioso de sangue ganhou uma nova forma secular na arena. A vida romana, apesar de todas as suas pretensões de paz, tinha por centro, cada vez mais, os imponentes rituais de extermínio. Na procura de ensações suficientemente agudas para encobrir momentaneamente a vacuidade e insignificância de sua existência parasitária, os romanos aderiram a prática de promover corridas de carros, espetaculares batalhas navais travadas num lago artificial, pantomimas teatrais nas quais o striptease e os atos sexuais mais mesquinhos eram desempenhados em público. Todavia, as sensações precisam de constante incentivo, à medida que as pessoas se tornam entediadas com elas: assim, o esforço todo alcançou um pináculo nos espetáculos gladiatórios, onde os agentes desse regime aplicavam uma diabólica capacidade inventiva à tortura humana e ao extermínio . Os habitantes das metrópoles modernas não estão , psicologicamente , por demais remotos de Roma, para se mostrarem incapazes de apreciar esta nova forma. Temos nosso próprio equivalente nas doses diárias de sadismo que acompanham , como cápsulas vitamínicas contaminadas, nosso deficiente e corriqueiro alimento : as reportagens de jomal, as notícias de rádio, os programas de televisão, as novelas, os dramas, tudo isso dedicado a retratar, tão graficamente quanto possível, todas as variedades de violência, perversão, bestialidade, delinqüência criminal e desespero niilista. Assim, para recobrar a simples sensação de estar vivo, o