Monteiro Lobato no Matogrosso
CUIABÁ
EdUFMT
Nº 03
P. 98 - 122
1997
O sonho do petróleo e a serpente das águas cuiabanas: Lobato e o Minhocão
Mário Cezar Silva Leite (UFMT)
ABSTRACT: This study consists, similarly to a concert, of multiple voices regarding nature and its forms in Mato Grosso: the topography, the Pantanal, the river. In the text, the voice of
Monteiro Lobato dialogues with the voices of the people who live on the banks of Cuiabá river. In the dialogue, landscapes, dreams, prophecies, fears and myths are convergent.
Monólogos dispersos
“Meu plano agora é um só: dar ferro e petróleo ao Brasil.” (Monteiro Lobato)
“Eu enxergava nas vísceras das montanhas e nas profundas das planícies.” (Dom Bosco)
“Mato Grosso tresanda a petróleo, sua petróleo, exsolve-se em petróleo.” (Monteiro
Lobato)
“Dá a impressão que é um bicho. Até aquele gás chamou a atenção daquele, de, Monteiro
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Lobato. Veio de São Paulo pra ver esse gás.”
(Seu Ditão)
“Lobato foi o único homem no Brasil que ganhou dinheiro com literatura e o perdeu com petróleo.” (Cassiano Nunes)
“Aqueles antigos... ih, falava que era o
Minhocão.” (Seu Ditão)
Diálogos
Esse trabalho compõe-se de vozes que ao longo do tempo ecoaram dispersas. Minha tentativa ao realizá-lo é, na medida do possível, orquestrá-las e simultaneamente extrair daí uma ressonância que, na disparidade, apresenta pontos que se harmonizam. Por um lado, ergue-se a voz intelectual e urbana de homens que projetaram um Brasil próspero, grandioso e rico, com base na existência do petróleo em solo brasileiro.
Nesse naipe o canto mais poderoso sai da garganta do escritor
Monteiro Lobato. Um contra-canto, por outro lado, vem da voz de homens simples, enraizados às margens do rio Cuiabá, que traduziram suas vivências cotidianas com o rio em imaginação e mito.
O concerto põe à tona uma espécie caleidoscópica de diferentes leituras sobre a natureza e suas manifestações.
Cada voz insere uma visão