Modos de ver

O ano era de 1995, e o famoso fotógrafo que mexeu com tabus religiosos, preconceitos raciais e provocou as cores unidas do moralismo em todo o mundo, que provocou polêmica e fortes reações por ter usado imagens chocantes nas campanhas publicitárias da Benetton, Oliviero Toscani, foi sabatinado nesta entrevista do programa Roda Viva por publicitários renomados como o presidente da DPZ, o diretor da Folha de São Paulo, jornalistas da Exame, entre outros.
Uma de suas campanhas mais famosas inclui um homem morrendo de AIDS (SIDA), chorando em uma cama de hospital, rodeado por seus parentes. Outras incluem alusões ao racismo (uma muito notável mostra três corações humanos quase idênticos com as palavras branco, preto e amarelo como legenda), a guerra e a religião.
Segundo o Toscani, as campanhas da Benetton são: “Dramárica porque é o próprio drama. Provocante: ela obriga a parar. Atraente: belas imagens, belo trabalho de fotografo. Insuportável: frequentemente dificil de ser olhada, porque delirante de desespero, de angústia”. Ele sabe despertar a atenção do consumidor como ninguém.
Na entrevista fica claro a falta de preparo dos entrevistadores, que se deixam envolver emocionalmente diante de um Toscani seguro de si e bem articulado.
Um dos aspectos que mais evidenciam essa fragilidade foi quando os entrevistados tentaram insistentemente desviar o assunto para saber qual era a verdadeira profissão do Olivero Toscani. Muito humilde, ele responde que é apenas um fotógrafo e que considera sua profissão uma ação social para o mundo quando ela bate de frente com publicitários estúpidos. Ele conseguiu chamar a atenção do mundo inteiro com suas campanhas para Benetton. Na frase em que ele afirma que a propaganda é “mentirosa”, ele não fala apenas no sentido formal da palavra mentir. Se levarmos ao pé da letra pode ser considerado um insulto à classe publicitária. Mas parece que ele vai um pouco além com esta provocação. O que ele tenta é provocar e chamar a atenção desta