Michel Misse
O que pode ser visto como crime na sociedade urbana? Uma boa resposta talvez, seria a de que “crime” é um conjunto de classificações que separa a lei de sua transgressão. No entanto, o que torna algo mais ou menos ilegal dentro da sociedade, são as forças existentes dentro dela, ou seja, algo que não é permitido pela lei existe no meio social parte de relações que tornam o contexto tolerável ou menos tolerável. O autor denota em seu artigo os diversos tratamentos dados para trocas que são ou não toleradas pela sociedade: mercadorias lícitas e vendidas no mercado informal ou formal, mercadorias lícitas vendidas ilicitamente no mercado formal e mercadorias ilícitas vendidas no mercado informal. Na sociedade o título de mercado informal geralmente faz aderência às mercadorias ilícitas vendidas no mercado informal e não de modo geral a todos os ilegalismos e delitos. São exemplos dados pelo autor:
“(...) a pirataria de compact discs recebe tratamento diferente do mercado informal de adoções de bebês; a exploração empresarial da prostituição não provoca a mesma reação moral que provoca o “tráfico de mulheres”; a corrupção policial provoca maior reação moral que a lavagem de dinheiro por grandes organizações financeiras (...)” (MISSE, 2007)
Designar toda essa diversidade de organizações sociais possíveis, que abordam diferentes contextos e crimes, dentro de uma mesma noção de Crime Organizado é errado. No entanto, é isso que a sociedade faz quando enquadra os mais diversos quadros da criminalidade na noção de Crime Organizado, escondendo as grandes diferenças existentes dentre as redes e práticas possíveis nos mercados ilegais informais.
“... sabemos que qualquer ladrão que pratica seu ofício sistematicamente precisa de receptores, que seus contatos com esses exigem algum grau de articulação e que todos, por sua vez, participam ativamente de redes