Memórias de uma Ditadura em Roraima

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“Todos sabiam que havia censura naquele tempo. (...) Às vezes, a censura vinha do próprio individuo, que se auto censurava por puro medo e se calava diante do que estava acontecendo. ” Ao contrário do que muitos pensam e outros afirmam, em Roraima a ditadura teve um impacto muito grande, principalmente com os povos indígenas, especialmente com a tribo waimiri-atroari. Nascido na década de 30, o Missionário católico italiano Carlos Zacqini de 77 anos veio para Roraima nos anos 60, década em que ocorreu o Golpe Civil-Militar. Este relata que em seu país de origem não existia tais tipos de acontecimentos, ainda que ele tenha visto alguns fatos fascistas quando ainda criança. Recorda que esta não foi quase nada comparada com a ditadura no Brasil.
No ano de 1965 o Governo Federal iniciou uma ocupação territorial na área em que vivia o povo indígena waimiri-atroari, onde anos depois foi cortado com a construção da BR 174 que liga Manaus a Boa Vista, um dos fatos que foi marcante pra ele por causa do então massacre que dizimou quase 90% dessa população. “Os militares acabaram exterminando os índios e fazendo a estrada. 3.000 indígenas foram mortos, ficando pouco mais de 300. Algumas pessoas sabiam disso, mas nenhuma foi de fato testemunhar por medo do regime. Os sobreviventes não falaram muito disso, eu não tinha contato com eles, mas os que tinha escreveram algumas coisas, e como esses índios eram conhecidos por serem violentos, não teve muito o que falar com eles. ” Afirma o Missionário.
Ao ser questionado sobre a censura ele assegura que todos sabiam da sua existência. Quem quisesse fazer uma denúncia tinha que saber como agir e ter o máximo de cautela para não ser pego e sofrer as consequências. Certa vez, afim de defender os direitos dos índios, este teve um embate com um Coronel, onde se descontrolou afrontando o coronel e logo após o acontecimento pensou que seria expulso do país, pois já tinha sido ameaçado outras ocasiões, fato que não ocorreu, sinal

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