Macário

16594 palavras 67 páginas
Macário
Álvares de Azevedo
... e o gênio traz sempre um sinal que se reconhece em toda a parte (e em qualquer tempo) - uma auréola na fronte que brilha sob todos os firmamentos, uma senha e um ataque Iramita que se traduz em todas as línguas.

Álvares de Azevedo

No ceticismo do Candide voltaireano, depois do ultimo soluço há o abafamento bochorral do nada, a treva do não-ser.

Álvares de Azevedo

MACÁRIO

Criei para mim algumas idéias teóricas sobre o drama. Algum dia, se houver tempo e vagar, talvez as escreva e dê a lume.
O meu protótipo seria alguma coisa entre o teatro inglês, o teatro espanhol e o teatro grego - a forca das paixões ardentes de Shakespeare, de Marlowe e Otway, a imaginação de Calderon de la Barca e Lope de Vega, e a simplicidade de Esquilo e Eurípedes - alguma coisa como Goethe sonhou, e cujos elementos eu iria estudar numa parte dos dramas dele - em Goetz de Berlichingen, Clavijo, Egmont, no episódio da Margarida de Faust - e a outra na simplicidade ática de sua Ifigênia. Estudá-lo-ia talvez em Schiller, nos dois dramas do Wallenstein, nos Salteadores, no D. Carlos: estudá-lo-ia ainda na Noiva de Messina com seus coros, com sua tendência à regularidade.
É um tipo talvez novo, que não se parece com o misticismo do teatro de Werner, ou as tragédias teogônicas de Ehlenschläger e ainda menos com o de Kotzebue ou o de Victor Hugo e Dumas.
Não se pareceria com o de Ducis, nem com aquela tradução bastarda, verdadeira castração do Otelo de Shakespeare, feita pelo poeta sublime do Chatterton, o conde Vigny. - Quando não se tem alma adejante para emparelhar com o gênio vagabundo do autor de Hamlet, haja ao menos modéstia bastante para não querer emendá-la. Por isso o Otelo de Vigny é morto. É uma obra de talento, mas devia ser um rasgo de gênio.
Emendá-lo? pobres pigmeus que querem limar as monstruosidades do Colosso! Raça de Liliput que queria aperfeiçoar os membros do gigante - disforme para eles - de Gulliver! E digam-me: que é o

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