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RESENHA

Aqui ninguém é branco

Katia Santos*

RESENHA: Aqui ninguém é branco
SOVIK, Liv. Aqui ninguém é branco. Rio de Janeiro: AEROPLANO, 2009, 176 p.
BOOK REVIEW: Nobody here is white.
SOVIK, Liv. Nobody here is white. Rio de Janeiro: AEROPLANO, 2009, 176 p.
A primeira observação que sinto-me na obrigação de fazer sobre o livro de Liv Sovik, Aqui ninguém é branco, é a de que este não é mais um livro de elogios desvairados e camufladores à mestiçagem brasileira. Ao contrário de estar afirmando que não há brancos no Brasil, como podem entender alguns a partir deste título-clichê sem um subtítulo que o clarifique – o verbo, clarificar, aqui, é bastante apropriado – o que a autora faz é utilizar, sem aspas, o mais poderoso discurso da branquitude brasileira como título de seu livro: “aqui ninguém é branco”. Portanto, o assunto dissecado é o poder silencioso e insidioso da branquitude brasileira, e não a ausência da mesma.
Além disso, partindo-se do princípio de que todo e qualquer estrangeiro no Brasil é chamado de gringo, é bom que se diga também que Liv Sovik, que é norte-americana, não é uma gringa qualquer.
Esta observação nada tem a ver com o fato de So-

vik já estar no país há muitos anos – fez doutorado na USP, adquiriu cidadania brasileira, e é professora da Escola de Comunicação da UFRJ, entre outros importantes feitos por aqui. Se digo ser a autora uma gringa de outra estirpe é exatamente pela forma como Sovik enxerga, interpreta e lida com o Brasil em análises muito “de dentro” e compromissadas. A autora não está apenas colocando o dedo na ferida e dizendo aos não brasileiros, “vejam como os brasileiros são diferentes de nós.” Ela vai além de uma observação que se nutra, quase que unicamente, de uma necessidade de destruição de crenças e mitos brasileiros e sobre o Brasil – e quem disse que queremos nos livrar de todos os nossos mitos?
A estudiosa dos Estudos Culturais, Liv Sovik, ao ressaltar nossas mazelas,