Legalização drogas

Vimos que droga não é demônio, apesar de ser tratada pela sociedade como se fosse, além disso, é necessário encarnar o mal (no Outro) e distanciar esse mal das pessoas ‘de bem’. Acredito que a primeira coisa a se fazer é desdemonizá-la, porque demonizada ela é muito mais poderosa. Para a sociedade o usuário além de invisível é indesejável. A pergunta é: queremos exterminar as drogas ou os usuários? Violência, punição, marginalização e estigmatização das pessoas não é solução para este tipo de problema.
O homem sempre usou drogas e sempre vai usar. E algumas que hoje são consideradas ilícitas, já tiveram livre comércio, principalmente quando seu uso era ou é balizado pelo saber médico. Como sempre, este saber reivindica para si o direito exclusivo de manipular corpos e mentes. Mesmo nos EUA, com todo histórico de repressão e guerra ao uso dessas substâncias, o saber cientifico pode prescrever o uso do THC. Aliás, quando, como e porque o que antes era legal se tornou ilegal? No Canadá, com toda sua política de prevenção em saúde é proibida a comercialização de pimenta do reino. Eu que estou acostumada a usar e gosto desse tempero (mesmo sabendo que é ‘veneno’ para os rins), como faria se o Brasil adotasse medida semelhante? Deixaria de usar? Compraria de forma ilegal? E se meus amigos e familiares descobrissem que sou uma usuária de pimenta do reino, qual atitude tomariam? E minhas várias subjetividades deixariam de existir e passaria a ser tratada como dependente?
A droga está envolvida numa névoa de desinformação e preconceito, que faz com que quase todas as formas de abordar essa questão, tenham pouco ou nada a ver, com os fatores que levam ao seu uso. Desta forma, o resultado do combate ao uso é um mal infinitamente maior do que o mal que se pretende combater. É preciso despir dos preconceitos e moralismos e adotar uma perspectiva mais realista quanto ao uso de drogas, pois como vimos, elas sempre existirão.
A questão das drogas é caso somente para a ação