José Murilo de Carvalho e as manifestações de 2013
Determinados elementos como a desgastada relação dos serviços públicos prestados ao cidadão brasileiro há décadas e o atual quadro socioeconômico da classe média que se encontra em plena ascensão, ao se articularem, resultaram em um levante nacional em 2013. O estopim foi o aumento da tarifa de ônibus em 0,20 centavos na cidade de São Paulo, dando inicio a um cenário quase inédito no Brasil. Diante da análise de José Murilo de Carvalho na obra "Cidadania no Brasil O longo caminho", em que o autor compara a conquista e a prática de direitos na Inglaterra e no Brasil, fica fácil compreender o porquê de o cidadão brasileiro não considerar as atuais instituições democráticas efetivas para representar-lhe. José enfatiza que no Brasil, os direitos sociais (trabalho, saúde, transporte, educação) se sobrepõem sob os direitos civis (vida, liberdade, propriedade privada) e direitos políticos (voto). Dessa forma, se consolida um fenômeno durante, não só a época de eleições, como também ao longo de mandatos inteiros, em que se espera por "salvadores da pátria" capazes de oferecer os direitos sociais de forma repentina e milagrosa. Assim, cria-se projetos governamentais imediatistas que não conseguem resolver a profunda problemática social brasileira, fundamentada na falta de educação, saúde, transporte e segurança pública de qualidade. Dito isso, os protestos de 2013 iniciados com "apenas" o aumento de 0,20 centavos na tarifa de ônibus, foi considerado o estopim para a população de uma metrópole global como São Paulo, majoritariamente a classe média-média e média-baixa, se revoltar declaradamente contra o governo e os serviços prestados por ele. Juntamente com as definições de José Murilo de Carvalho, é importante destacar que esse tipo de evento popular não é característico do Brasil. Carlos Eduardo Sell coloca em sua obra "Ideologias Políticas"