inveja

CAPÍTULO III
Inveja
SE, NO CAPÍTULO PRECEDENTE, que é essencial para o desenvolvimento favorável da criança, na posição esquizo paranóide, que as boas experiências predominem sôbre as más. Qual seja a experiência efetiva da criança depende tanto de fatôres externos como de fatôres internos. A privação externa, física ou mental, impede a gratificação; mas, mesmo quando o ambiente favorece experiências gratificadoras, os fatôres inter nos podem ainda modificá-las ou mesmo impedi-las.
Melanie Klein descreve a inveja inicial como um dêsses fatôres, operando desde o nascimento e afetando substancial- mente, desde as primeiras, as experiências da criança. A inveja, naturalmente, de há muito tem sido reconhecida, na teoria e na prática psicanalíticas, como uma emoção da maior impor tância. Freud, especialmente, quanto às mulheres, deu grande atenção à inveja do pênis. A significância de outras espécies de inveja, entretanto — como a inveja que um homem tem da potência de Outro, a que êle tem da posição ou das posses femi ninas, a que as mulheres têm umas das outras — não tem sido tão especificamente reconhecida. Na literatura analítica, e na descrição de casos, a inveja desempenha um papel importante, mas, com exceção do caso especial da inveja do pênis, há uma tendência a confundir inveja e ciúme. É bastante interessante notar que, em escritos analíticos, se encontra a mesma confu são existente na linguagem quotidiana, na qual a inveja é geral. mente chamada de ciúme. Por outro lado, é raríssimo encon trar o ciúme descrito como inveja; a linguagem quotidiana,
Mel’anie Klein, em Envy and Gratitude, faz a distinção adequada entre as emoções de inveja e de ciúme. Considera a inveja a mais antiga das duas, e mostra que ela é uma das emoções mais primitivas e fundamentais. A inveja inicial deve ser diferençada do ciúme e da voracidade.
O ciúme se baseia no amor e visa à posse do objeto amado e à remoção do rival. Pertence a uma relação triangular e por- tanto a um