Igualdade e diferenças na escola
Para instaurar uma condição de igualdade nas escolas não se concebe que todos os alunos sejam iguais em tudo, como é o caso do modelo escolar mais reconhecido ainda hoje. Temos de considerar as suas desigualdades naturais e sociais e só estas últimas podem/devem ser eliminadas. Nossas políticas educacionais confirmam em muitos momentos o projeto igualitarista e universalista da modernidade. Elas reforçam esse projeto que se empenha em superar o que se chamou de estado da natureza, visando domesticar os que diferem do padrão.
O discurso da modernidade, movimento que se caracteriza por um esforço racional de ordenar o mundo, os seres humanos, a vida. Esse discurso fundamenta a organização pedagógica de nossas escolas e, por seus parâmetros, o aluno diferente, por sua incoerência, indefinição, indeterminação desestabiliza essa organização, na sua ânsia de negação de tudo o que possa fugir de suas certezas.
A diferença propõe o conflito, o dissenso e a imprevisibilidade, a impossibilidade do cálculo, da definição, a multiplicidade incontrolável e infinita. Essas situações não se enquadram na cultura da igualdade das escolas, introduzindo nelas um elemento complicador que se torna insuportável. De fato, a diferença é difícil de ser recusada, desvalorizada. Se negada, há que assimilá-la ao igualitarismo essencialista e, se aceita e valorizada, há que se mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem se firmado até então.
A igualdade abstrata não propicia a garantia de relações justas nas escolas e não consegue resolver o problema das diferenças nas escolas, porque escapam ao que é proposto, quando se confrontam com as desigualdades naturais e sociais dos alunos.
Ser gente é correr, sempre, o risco de ser diferente. E se a igualdade traz problemas, as diferenças podem trazer muito mais!
Em sua obra Teoria da Justiça, Rawls (2002, p. 108) opõe-se às declarações de direito do mundo moderno, que igualaram os homens em