Identidade de gênero, diferença e patriarcado
Interrogando a identidade de gênero
Nas últimas décadas do século XX, ocorre uma expansão dos movimentos sociais de base identitária. Como argumenta Celi Pinto (2000), inicia-se um processo contraditório e complexo, por um lado, de reconhecimento da democracia como valor, por outro, os princípios de universalidades são percebidos como um obstáculo à promoção dos novos direitos comprometendo a compatibilização entre igualdade e diferença. Nancy Fraser, Íris Young e Anne Phillip estão entre as teóricas feministas críticas à democracia liberal ao refletirem a questão da participação política justa dos excluídos e dos novos direitos e formas de participação. Frente ao processo de exclusão, a democracia multicultural é desafiada e sua crítica recai sobre os pressupostos universalistas da igualdade. É a noção de cidadania universal que tem sido questionada pelos novos movimentos sociais, sobretudo, no campo das relações de gênero e movimentos étnico-raciais, que tiveram que lidar com a complexa articulação entre identidade e diferença no processo de luta por igualdade racial e de gênero (idem, 2000). Enfrentar o debate em questão nos remete aos desafios analíticos, sobretudo, considerando a diversidade de experiências sobre a desigualdade de gênero e as diferenciações baseadas como raça, classe e geração. O gênero é o que as mulheres têm em comum? E as outras diferenças? Ao criticar a análise aditiva da identidade, Linda Nicholson (2000) diz que a idéia aditiva do sexismo mais o racismo olha as diferenças que marcam as mulheres apenas em termos negativos, distorcendo o sentido da experiência diferente de opressão do sexismo para as mulheres negras. A partir de uma perspectiva histórica e crítica dos conceitos, Nicholson explica que no final da década de 60 e início de 70, o ‘feminismo da diferença’ procurou os padrões de dominação de gênero para enfrentar a prerrogativa ocidental da igualdade abstrata