Idealismo x Materialismo
“Eu sempre tive um imenso desejo de aprender a distinguir o verdadeiro do falso, para ver claro nas minhas ações e caminhar em segurança nesta vida. [...]. Aprendi a não crer demasiado firmemente em nada do que me fora inculcado só pelo exemplo e pelo costume”. (DESCARTES, René. Fragmento)
Em seu sentido amplo, o idealismo constitui uma das correntes de pensamentos filosóficos e contrapõe-se ao materialismo, para o qual toda realidade tem sempre caráter material ou corporal. Seu traço característico é tomar como ponto de partida para a reflexão filosófica o "eu", encarado sob o aspecto de alma, espírito ou mente. A teoria de idéias de Platão é históricamente o primeiro dos idealismos. Para ele, o ser em sua pureza e perfeição não está na realidade. Os objetos captados pelos sentidos são cópia imperfeita das idéias puras. A verdadeira realidade está no mundo das idéias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão. O termo idealismo, na verdade, surgiu no século XVII para designar o platonismo e alguns aspectos das filosofias de Descartes e John Locke. Embora o primeiro fosse racionalista e o segundo empirista, ambos apontaram, em momentos de sua reflexão metodológica, a possibilidade de que o homem só pudesse conhecer "idéias", objetos subjetivos e exclusivos da mente humana. Caberia, assim, pôr em dúvida a própria existência de um mundo sensível.
Para o idealista inglês George Berkeley, a única existência dos objetos é a idéia que se tem deles: "existir é ser percebido". As coisas só existem como objetos da consciência. A existência do mundo como realidade coerente e regular estaria garantida por Deus, mente suprema onde tudo se produz e ordena.
No idealismo de Kant, a realidade é apreendida por formas de sensibilidade, noções de tempo e espaço, certas categorias universais do entendimento, como a unidade, a totalidade, a causalidade, etc. A partir da filosofia de Kant, desenvolveu-se o idealismo metafísimo alemão, em que Fichte