Histórias em Quadrinhos: união mágica entre texto e imagem
Resumo
Este artigo discute a questão das Histórias em Quadrinhos enquanto produção cultural que lida com a união entre palavras e imagens, utilizando para tanto os conceitos de Vilém Flusser em “Texto/Imagem enquanto dinâmica do Ocidente”. Complementam essa visão e auxiliam na discussão as definições já existentes sobre os Quadrinhos feitas pelo crítico da área, Douglas Wolk, e também pelo teórico Scott McCloud em sua obra seminal “Understanding Comics”.
A partir dessas interrelações nasce uma possível definição moderna das Histórias em Quadrinhos, que acopla elementos estilísticos, filosóficos e artísticos.
Palavras-chave: história em quadrinhos, imagem, texto, linguagem
1. Introdução: afinal, o que são Histórias em Quadrinhos?
Em primeiro lugar, é possível definir as Histórias em Quadrinhos (HQs) como uma produção cultural bem acabada. Desde seu surgimento, no final do século XIX, esse produto foi pensado para atingir as massas urbanas dos tempos pós Revolução Industrial. O exemplo vem da origem: The Yellow Kid, considerada como a primeira HQ, nasce no jornal World, de Nova Iorque, nos Estados Unidos (Moya, 1996:18).
O jornal sendo o meio primeiro de difusão dessas produções dá elas a capilaridade necessária para expandir-se, conquistar público e começar sua consolidação enquanto meio narrativo.
Nesse sentido, chega mais um elemento para complementar a definição. As HQs são, essencialmente, um meio. Uma mídia na qual histórias são contadas. Apesar de, atualmente, os gêneros mais conhecidas serem os infantis e o de super-heróis, os Quadrinhos apresentam os mais diversos tipos de temas, tão plurais quanto o Cinema ou a Literatura1.
Wolk (2007) define Quadrinhos da seguinte maneira2:
Quadrinhos não são prosa. Quadrinhos não são filmes. Eles não são um meio direcionado pelo texto com imagens adicionadas; eles não são o equivalente visual de uma narrativa em prosa ou a versão estática de um