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1056 palavras 5 páginas
A "naturalidade" do relato guarda esse atributo indispensável à grande ficção de onde nasce o verdadeiro mundo das personagens: a possibilidade de existir na realidade. Este segredo do romancista é a prova da sua sensibilidade diante do assunto extremamente complexo que escolheu - o mundo banal e opaco de todas as horas, redescoberto através da perspectiva (meio lógica, meio fantástica) da adolescência:

"...sobre uma coluna de madeira escura, a um canto da sala rebrilha o aquário. Pirolito está agitado. Será que a luz elétrica o assusta? Clarissa se aproxima do vaso de cristal. Agora nota que a água parece toda cheia de rebrilhos. A janela, as lâmpadas elétricas, os móveis da sala, tudo se reflete no aquário."

Ultrapassando o perigo, Érico Veríssimo preferiu que Clarissa, ela própria, o conduzisse entre coisas que vão aparecendo no fluxo da descoberta. O mundo juvenil, povoado de sonhos e fantasias, possuía uma peculiaridade inconfundível: estava todo ele "refletido no aquário", mudando o desenho a todo momento, metade de cada coisa revelada e a outra metade ainda interrogável na sombra. A realidade teria de ser captada no contorno do aquário, respeitando o mistério do universo de Clarissa que só a ela pertence. Se trata, basicamente, de um problema de linguagem, isto é, encontrar a linguagem que narre a consciência fantasiosa de Clarissa e, ao mesmo tempo, preserve a sua identidade, sem se confundir com a perspectiva adulta e racional do seu criador.

Personagens

Clarissa - adolescente que morava numa fazenda e foi estudar na cidade grande.

Ondina - a infiel, casada com Barata.

Amaro - um musico que cortejava Clarissa.

Tonico - garoto que perdera as duas pernas num acidente, era muito frágil e acaba morrendo.

Vasco - primo de Clarissa que vive em Jacarecanga.

Linguagem

Fiel à estrutura da narrativa psicológica e à natureza da personagem, Érico Veríssimo optou por um estilo pictórico, no qual as descrições valorizam sobremaneira a

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