Haspar Hause

O filme trata de uma adaptação da história de um personagem real. Narra sobre um misterioso homem, com jeito infantil, encontrado em uma praça pública com apenas uma carta destinada a um oficial. Descobre-se que ele se chama Kaspar Hauser e que viveu enclausurado durante grande parte de sua vida, sem nenhum contato social, privado da linguagem e com comportamento social não desenvolvido. A época em que Kaspar Hauser viveu foi um período marcado pela ideia de que havia um modelo de civilização e de desenvolvimento a ser alcançado. Todos aqueles que não correspondiam ao ideal de homem "civilizado" eram classificados como primitivos, atrasados e deveriam ser "ajudados" a alcançar graus mais avançados na escala de desenvolvimento e evolução. É dentro dessa visão de mundo que Kaspar Hauser vai ser socializado. Através do filme podemos fazer uma reflexão sobre o papel da cultura e da linguagem em vários aspectos. A linguagem é uma das primeiras formas pela qual o indivíduo se socializa e Hauser sofreu grande déficit, pois o isolamento ao qual foi submetido o impediu de ter acesso à linguagem. O período crítico da fala, onde a plasticidade cerebral é maior e o aprendizado é mais fácil, se dá até uns cinco anos de idade. Passada essa idade, a dificuldade de aprendizado de tal habilidade se torna grande.
Para Vygostky, o desenvolvimento do pensamento deve-se principalmente à aquisição da linguagem. Ao aprender a falar, o indivíduo internaliza a palavra e a associa com uma imagem em sua mente, construindo assim, uma etapa do pensamento. Sem o desenvolvimento da linguagem e o contato social, Kaspar não tinha inicialmente capacidade de abstração, de distinguir o que era real do que era sonho. Essa dificuldade também fez com que ele não conseguisse absorver certas explicações que exigiam o pensamento abstrato e lógico, como no momento em que tentam explicar a ele sobre as “aldeias da verdade e da mentira”. Kaspar foi acolhido por um professor,