Habitus, prática e habitus de classe em “esboço de uma teoria da prática”
Seguindo a linha interpretativa do historiador e filósofo François Dosse (1950-) exposta em “História do Estruturalismo”, tem-se que Pierre Bourdieu (1930-2002), até o começo da década de 70 tem como horizonte teórico o estruturalismo, e que mais tarde distancia-se criticamente do paradigma estruturalista, “ele próprio situa com muita precisão a data de 1963 como a de seu último trabalho de estruturalista feliz, mas isso não significa que a perspectiva estruturalista tenha sido inteiramente abandonada” (Dosse, 1994, p.89).
No primeiro Bourdieu, o sujeito é submetido ao seu destino social, é a opinião de Dosse declarando a “temática da ausência do sujeito no primeiro Bourdieu, aquele que introduziu o estruturalismo na sociologia” (Dosse, 1994, p. 91). Em 1975, Bourdieu lança uma nova revista, Actes de la recherche em sciences sociales, de que é diretor, e persegue a ambição científica estruturalista, como demonstra Dosse:
“Se Bourdieu reassume por conta própria a herança estruturalista que animou seus trabalhos até então, inicia, contudo, uma inflexão de sua abordagem e se distancia um pouco do paradigma estruturalista. Entabula uma crítica acerba do estrutural-marxismo althusseriano ao atacar seu aristocratismo filosófico e sua negação total ao papel dos agentes sociais, que são reduzidos à aplicação dos sistemas de regras” (Dosse, 1994, p. 335).
Bourdieu gostaria de reintroduzir os agentes e “dar lugar ao sujeito nos limites estreitos daquilo que o condiciona” (Dosse, 1994, p. 336), e a partir dessa vontade se constituiu a crítica das teses bourdieusianas em relação ao esquema da reprodução estrutural. Para escapar ao objetivismo do primeiro estruturalismo, é possível destacar as influências de Chomsky – “Bourdieu espera se libertar das aporias do primeiro estruturalismo saussuriano ao distinguir o equivalente chomskyano dos modelos de