Guerra Do Contestado

A região do contestado, ao longo da história, foi marcada por disputas (o que ocasionou a escolha do nome), tanto entre os estados do Paraná e Santa Catarina (que buscavam a hegemonia política e econômica sobre a região), quanto entre os próprios sertanejos. A razão para esses conflitos era a rica floresta da região, a exploração de erva mate, a má demarcação de propriedades e a pobreza dos sertanejos que ali vivam, decorrente de dominação exercida pelos coronéis (grandes proprietários de terras com poder econômico e, consequentemente, político).
Em 1908, iniciou-se a construção de uma ferrovia interligando os estado de São Paulo e Rio Grande do Sul. A empresa responsável pela gigantesca obra, finalizada em 1910, e que envolveu mais de 8 mil operário, foi a Brazil Railway Company, a qual pertencia ao empresário norte-americano Percival Farquhar. Em recompensa pelos serviços prestados, a empresa recebeu do governo 15 km de cada lado da ferrovia e iniciou a desapropriação de 6.696 km² de terras para explorar as riquezas naturais daquela região, que já era, mesmo que ilegalmente, habitada. Como a extração madeireira se deu utilizando de modernos equipamentos maquinários, não forneceu emprego para os trabalhadores desapropriados e nem para todos os operários envolvidos na construção, os quais não receberam o pagamento prometido, o que foi agravou ainda mais a situação vigente.
Nesse momento, entra em cena o messianismo (pratica em que se escolhe um líder religioso) do “místico” Jose Maria de Santo Agostinho (por mais que, segundo o laudo da polícia paranaense, ele fosse, na verdade, o soldado desertor Miguel Lucena de Boaventura, condenado por estupro), que já conquistado a admiração da população local, com seus conhecimentos medicinais e suas ideias revolucionarias e igualitárias. Fundou comunidades independentes, unindo as pessoas a um ideal, o qual levou a organização de um grupo armado. A vida passou a ser, intermediada por ele, comunitária, com locais de culto