De anjos a demônios: os discursos acerca da presença das irmãs da Divina providência no Hospital Colônia Sant’Ana (1941-1992) Catarina Lisboa do Carmo (História/UDESC) O Hospital Colônia Sant’Ana foi o primeiro hospital especializado em internamento de “alienados” 1 criado pelo governo do Estado de Santa Catarina em 10 de novembro de 1941. Este hospital teve sua criação motivada, principalmente, devido à política nacional de assistência ao doente mental promovida pelo Dr. Adauto Botelho, médico que ficou conhecido por seu estímulo à criação de instituições próprias para o tratamento mental entre as décadas de 1930 e 40, em plena Era Vargas. Não que Santa Catarina não tivesse, antes do Hospital Colônia Sant’Ana, outros locais destinados ao tratamento dos doentes mentais. Anteriormente haviam o Asilo de Azambuja em Brusque e o Hospício Dr. Schneider em Joinville. De onde os pacientes foram transferidos para o Hospital Colônia Sant’Ana, quando de sua inauguração em 1941, conjuntamente com as irmãs da Congregação da Divina Providência, que eram quem cuidava destes pacientes no Asilo Azambuja. Assim, o Hospital Colônia Sant’Ana foi inaugurado, com grande pompa para a época, exemplo de modernidade em tratamento da saúde mental. Porém, esta visão otimista permaneceu por pouco tempo. As visões sobre um mesmo empreendimento mudam ao longo do tempo, assim como a visão sobre as pessoas que participaram dos diferentes processos ocorridos com este. Esse é o caso da relação que as irmãs da Divina Providência tiveram com o Hospital Colônia Sant’Ana, sendo elas uma das personagens do processo de constituição desta instituição. Esta relação é datada, e começa um pouco antes da inauguração deste hospital em 1941, quando essas irmãs são convidadas pelo então governador do Estado, o Interventor Nereu Ramos, a assumirem a administração da Colônia Sant’Ana. Daí em diante estas irmãs estiveram presentes no Hospital Colônia Sant’Ana até o ano de 1992, quando as