gorz o imaterial

Nos últimos anos, ganhou espaço no cenário intelectual e político um interessante debate sobre a emergência do imaterial como dimensão privilegiada para se compreender a dinâmica das mudanças contemporâneas. Dentre as contribuições a esse debate, a de André
Gorz se destaca por constituir-se numa das mais penetrantes críticas à tendência do capitalismo de submeter todas as dimensões da vida humana e da sociedade à lógica da mercadoria. A partir de uma apresentação dos traços principais da teoria de Gorz, a presente comunicação pretende discutir a crítica gorzeana, procurando realçar nela os elementos que a distingue de outras abordagens contemporâneas, que não raro se deixam seduzir pelo canto de sereia da lógica de mercado.

Introdução

Nas páginas que seguem, procuro mostrar os principais elementos da contribuição de André Gorz para a inteligência do capitalismo contemporâneo. Limitar-me-ei a seus escritos publicados a partir de 1980 por considerar que sua produção intelectual desde então difere em muitos elementos importantes de sua produção anterior.1 Este texto está dividido em três partes. Na primeira, eu apresento os principais elementos de sua análise da sociedade contemporânea, destacando os temas tratados em cada um de seus livros publicados desde 1980. Na segunda parte, procuro mostrar de forma resumida a chave teórica geral que orienta sua análise nesse conjunto de livros. Por fim, na terceira, apresento sua proposta de renda básica ou de existência, chamando a atenção para sua evolução durante o período aqui tratado.

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Para uma visão de conjunto do desenvolvimento do pensamento de André Gorz, ver meu livro André Gorz:
Trabalho e Política, São Paulo, Annablume, 2002.

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Diagnóstico do capitalismo contemporâneo passo a passo
A teoria de Gorz sobre o capitalismo contemporâneo foi desenvolvida em um conjunto de livros publicados ao longo dos últimos 25 anos, dos quais falarei a seguir.
Adieu au prolétariat, de 1980,