Goodson, comparação com outros autores
Opondo-se a uma visão corrente que identifica a escola como espaço da reprodução, aplicação dos conhecimentos, conservadorismo e inércia, alguns trabalhos no campo da história das disciplinas escolares (HDE) são potentes em sua opção de centralizar a análise nos funcionamentos internos específicos da escola. Reconhecem o potencial criativo e produtivo dessa importante instituição moderna, restituindo aos sistemas escolares a participação no surgimento e desenvolvimento das diferentes matérias de ensino. Se são felizes em sua empreitada é porque, de um lado, renunciam uma relação entre os conteúdos de ensino e a mera vulgarização e/ou trivialização desses saberes para fins de aprendizagem; de outro, porque se interessam em analisar os conteúdos escolares, os métodos e práticas de ensino, as finalidades explícitas e implícitas almejadas e as apropriações realizadas pelos alunos, buscando nos processos internos da escola inspiração para melhor compreender as complexas relações entre escola e sociedade.
Importantes pesquisadores da temática, como André Chervel (1990),
Dominique Julia (2001; 2002) e Ivor Goodson (1990; 1995; 1997; 2001) são unânimes em denunciar o quanto vinham sendo negligenciados os estudos em história das disciplinas escolares. Todavia, concordam em apostar, mais contemporaneamente, em sua plena expansão. Na intenção de compreender quanto suas previsões têm-se materializado no plano concreto e nos rumos tomados pela produção brasileira, procura-se fazer um mapeamento dessa produção, buscando propiciar tanto uma visão ampla do que vem sendo realizado no campo como identificar as ênfases e as lacunas ainda existentes nas investigações conduzidas. O estudo ainda propõe examinar os referenciais teóricos que subsidiam os artigos selecionados, a fim de que melhor compreendesse como os dois autores mais citados – Chervel e Goodson – são apropriados pelos