Gabarito Fisica
Stewart E. Guthrie
Universidade de Fordham
Tradução de Desidério Murcho
I. Introdução
Há uma diversidade de teorias antropológicas da religião. Baseiam-se ora em idéias de estruturas humanas sociais, emoções ou cognição. A maior parte concentra-se numa delas, mas algumas combinam mais de uma. Algumas olham para lá da natureza humana, para os outros animais, procurando análogos ou precursores da religião. Algumas teorias são próprias da antropologia, mas muitas foram tomadas de empréstimo. Assim, qualquer exame tem de ser também abrangente e de incluir material que não seja apenas antropológico. Ofereço aqui uma breve panorâmica histórica e um olhar sobre uma promissora abordagem contemporânea.
Nenhuma descontinuidade forte ou qualquer característica única distingue as explicações antropológicas da religião das suas antepassadas ou das explicações de outras disciplinas. Contudo, algumas características comuns tendem a agrupá-las separadamente. Destas, são centrais o humanismo, evolucionismo e comparações interculturais.
O humanismo na antropologia quer simplesmente dizer que as explicações da religião (como os outros aspectos do pensamento e ação humanas) são seculares e naturalistas. Explicam as religiões como produtos da cultura e natureza humanas, e não como manifestações de algo transcendental, sobrenatural ou sui generis em qualquer aspecto.
O evolucionismo darwinista — a perspectiva de que todas as formas de vida são produtos da seleção natural — é também básico na antropologia, distinguindo-a de algum modo de outras disciplinas que estudam a religião. O evolucionismo não é surpreendente, é claro, na antropologia biológica, uma das suas grandes subdisciplinas. Mas mesmo na antropologia cultural, fundada pouco depois de Darwin, a seleção natural é fundacional. Na verdade, o evolucionismo cultural foi a "perspectiva com a qual a antropologia veio à vida" (Carneiro 2003: 287). Parcialmente em conseqüência disso, uma