filosofia

1. Na abertura de sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais possuem voz e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra e é “feito dela”, pois com a linguagem exprime o que as coisas são a fim de pôr em acordo com elas, consigo mesmo e com os outros. Exprimir e possuir em comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e dela; e somente os homens são capazes. A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação com o mundo e com os outros, é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para nomear, dizer e demarcar valores e sentido para o que lhe é dado, pois é o único vivente dentre todos para o qual algo é dado. Há uma linha tênue entre linguagem e realidade, visto que não se pode perguntar o que é um e outro, pois se estaria perguntando o que é o próprio homem e onde se embasa sua inserção no mundo. E por tal motivo, aquele que entender o que é a linguagem terá por fim entendido como transformar a própria condição humana. Assim sendo, afirmar que a existência humana pertence ao mundo através da linguagem é afirmar ao homem que não basta viver, pois mesmo as plantas vivem. Para o homem estar vivo é também conviver com uma demanda de significações e orientações, impostas pela linguagem.

2. O modo mais antigo de ordenar o real e dar sentido pela linguagem é o mito, que se instaura através de narrações de uma estória ou divindades eternas que dão sentido a realidade nas mais diversas realizações. O mito tem a função única de dar continuidade à cultura, estando intimamente ligada à natureza da tradição, à atitude humana em relação ao passado, visto que o mito descarta o novo, pois sem a tradição o homem se perde. O homem não se vê autor de suas próprias ações, pois as mesmas são determinadas pelos deuses. O mito é um não