Fichamento técnico de história da sexualidade 2 (o uso dos prazeres) – michel foucault pg: 9 - 87

1. Modificações
Inicialmente, Foucault objetiva com as suas pesquisas e obra a história da “sexualidade” através do estranhamento do seu tão familiar objeto, a “sexualidade”, com a finalidade de analisar apenas o seu contexto teórico e prático.
Assim sendo, ele não busca, a princípio, uma reconstrução sucessiva e cronológica de condutas e práticas sexuais ao longo da história da “sexualidade”; e nem procura analisar as ideias (científicas, religiosas ou filosóficas) de representação do objeto. Foucault se detém apenas na compreensão da “atmosfera” associada à “sexualidade”.
No entanto, ele percebe que se entendermos a história da “sexualidade” como uma “experiência” que é constituída por três eixos principais (a formação dos saberes que a ela se referem, os sistemas de poder que regulam a sua prática e as formas pelas quais os indivíduos podem e devem se reconhecer como sujeitos dessa sexualidade.*), um deslocamento teórico torna-se necessário: deslocamento que deverá, então, analisar – nas palavras de Foucault- os “jogos da verdade”.
Jogos esses, que estão contidos no discurso (e por hora é o próprio discurso) e contaminam os saberes. O autor pretende com isso, não uma história que não seria aquela do que poderia haver de verdadeiro nos conhecimentos; mas uma análise dos “jogos da verdade”: sentir a nuance entre o verdadeiro e o falso dos jogos, e através disso, notar de que forma o “ser” se dá como experiência, como ele se percebe e se pensa – Uma história da “sexualidade” do indivíduo para consigo.
Então, o comportamento/atividade sexual é colocado em questão para se entender o motivo pelo qual foi inserido no campo da moral e, sobretudo, como ele foi colocado a um patamar acima das outras questões morais (como as condutas alimentares, por exemplo). A sua normatização e adequação se deu em meio às “artes de existência” (elas podem ser compreendidas, de forma simplista, como os gostos que eram até certo ponto da história “verdadeiramente individuais” e