Fichamento do texto de O vale do Paraíba escravista e a formação do mundial do café no século XIX

O vale do Paraíba escravista e a formação do mundial do café no século XIX Texto do Rafael Marquese
Em, 1828 o Brasil despontava como maior produtor mundial de café e, ao longo da década seguinte, os valores obtidos com sua exportação ultrapassariam o que o país amealhava com o envio de açúcar ao mercado mundial. Quase toda essa produção, ademais, vinha de uma só região. O vale do rio Paraíba do Sul, ou simplesmente Vale do Paraíba, compreendendo terra das províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, passou por completa alteração no curso das duas gerações: relativamente desocupado em 1800, 50 anos depois adquiria o caráter de típica região escravista de plantation. Algo semelhante havia ocorrido em outros momentos e espaços na historia do Brasil. Mas a escala do que se verificou no Vale do Paraiba na primeira metade do século XIX, contudo, foi inédita, e seu impacto para a conformação do Estado nacional brasileiro, decisivo.
Afora o completo domínio que o Brasil assumiu no mercado mundial do artigo só longo do século XIX, o volume inaudito de sua produção foi central para a própria transformação da natureza naquele mercado, que passou das restrições ligadas ao consumo de luxo para a escala qualitativamente distinta do consumo de massa.
As articulações entre mercado mundial e a montagem da cafeicultura brasileira estiveram na pauta de investigação dos pesquisadores desde a década de 1940. Encarando a cafeicultura como uma espécie de ‘’destino manifesto’’ do Brasil, os trabalhadores tenderam a relaciona-la à crise da mineração e à retomada das atividades agroexportadoras na virada do século XVIII para o XIX.
Em que se pesem as variações de ênfase, todos esses estudos se prenderam ao que Staurt Schawartz denominou o ‘’paradigma dependentista’’ de analise do passado colonial brasileiro, ou seja, um modelo de interpretação que ressaltava seu caráter escravista, agroexportador e voltado para a geração de riquezas nos centros de economia mundial