Fernando pessoa

1667 palavras 7 páginas
Fernando Pessoa: biograFia Para os sentidos
Luis Estrela de Matos
UFF
Resenha de CAVALCANTI FILHO, José Paulo. Fernando Pessoa: uma quase biografia. Rio de Janeiro: Record, 2011.
Existe a febre e existe a doença. Febre dá e passa. Doença, quando é das boas, vem para ficar. Existe a febre, de uns tempos para cá, chamada Fernando Pessoa. Febre assim é moda, marketing cultural. Febre Picasso, febre Mondrian, febre Spielberg e tantas outras.
E os cordeiros seguem mansamente na estrada do velho rebanho. Mas existe também a doença, e quando esta é mais funda, mais arraigada, mais de raiz, dessas que não saem, que não abandonam o hóspede, que vem para ficar, é necessário ter cautela. “Sou um homem doente”, assim começava o insano personagem do Memórias do subterrâneo, do grande Dostoiévski. Depois que experimentamos Pessoa e seus heterônimos, também nos tornamos doentes, nietzschianamente doentes. A grande saúde é fruto das piores doenças.
Nietzsche soube disso em sua própria carne. E, verdade seja dita aqui, o Ocidente está doente há séculos. É um mal que vem se agravando numa velocidade assustadora, quase diabólica. Mas só vivendo a doença, a boa doença, é que talvez tenhamos alguma chance, não digo de cura, mas chance de recomeço. Há que recomeçar e para recomeçar precisamos perfazer o círculo. O famoso círculo, quem sabe heideggeriano. O trajeto não comporta desvios. A febre pela febre será sempre um desvio. Há que adoecer.
E por falar em Pessoa, gostaria de comentar em pouquíssimas linhas, visto já ter gasto as anteriores, na nova e estranha biografia, como o autor a definiu, uma quase autobiografia. Gosto do quase, gosto da coragem de se assumir um projeto incompleto.
Gosto do que não termina, daquilo que o poeta Ezra Pound chamou de work in progress.
Toda a nossa experiência ocidental do moderno viver é fragmentária, incompleta. O incompleto chegando a sua exaustão. O século XX experimentou e cantou isso nas mais

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