Feminismo

OBSCURO

CENA 01 – BANHEIRO – DIA – INTERIOR

TELA em BRANCO. FADE para detalhe da poça de sangue no chão do banheiro, que aumenta gradativamente, até cobrir toda a tela. TELA em VERMELHO.

JOSÉ RIOS PRETO Era uma quarta . Uma quarta aleatória, sem muitas perspectivas. E ela ali, naquele chão sujo, que eu ainda não havia limpado.

TELA em VERMELHO. ZOOM OUT mostrando, aos poucos, a MULHER estirada no chão, com o corpo lânguido, e mostrando de onde vem o sangue no chão, do seu rim perfurado.

JOSÉ RIOS PRETO Eu a amava.

CENA 02 – HOSPITAL – MANHÃ – INTERIOR

FLASH BACK

PONTO DE VISTA DE JOSÉ RIOS PRETO: a MULHER passando na sua frente, enquanto ele limpa o chão.

MULHER Bom dia, seu Zé. Como vai sua mulher e filhos?

JOSÉ RIOS PRETO Bom dia, dona. Não sou casado, se esqueceu?

MULHER AH! seu Zé, me desculpe. O que aconteceu?

JOSÉ RIOS PRETO Nada dona, nunca fui casado.

MULHER Então tenha um bom dia, meu rapaz.

SOM de SALTO.
A MULHER continua a andar, enquanto JOSÉ RIOS PRETO a olha.

JOSÉ RIOS PRETO (off) Nossa, a dona deve tá ficando maluca. Nunca disse a ela que era casado, muito menos que tinha filhos.

JOSÉ RIOS PRETO continua a limpar o chão, cantarolando uma canção. Durante essa cena, muitos figurantes passam, uns cumprimentando JOSÉ RIOS PRETO, outros não. Ele não dá muita atenção, mas cumprimenta de volta.

JOSÉ RIOS PRETO (off) Onde será que os doutores pisam? Essas manchas não saem, já esfreguei tanto que meus braços doem. Depois minha chefa vem brigar comigo, mas o que eu posso fazer? Acho que pra tirar essa mancha aqui só com ácido, ou aquela coisa que eles tiram mancha de sangue. Credo! Não sei como os doutores conseguem ver sangue.

O pensamento de JOSÉ RIOS PRETO é interrompido pelo SOM de SALTO ecoado no hospital.

JOSÉ RIOS PRETO olha pra frente e vê a MULHER e SUA CHEFA conversando baixinho, uma no ouvido da outra, entre sussurros. A MULHER