Feminismo: Marcha das vadias

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Os peitos à mostra da Marcha das Vadias representaram, em primeiro lugar, a ideia de que indecência é aquilo que tratamos como tal. Expuseram a incoerência de um discurso que não permite a igualdade de reagir ao calor, mas aceita tantos diversos calores traduzidos com outros objetivos. A hipocrisia de uma cultura que comemora a beleza do biquini fio dental, estranhando a “fralda” européia, mas é incapaz de ampliar o discurso como conceito, limitando-se ao costume individualizado em si. Não se questiona a lógica da celebração do corpo, apenas aceita-se determinados aspectos, refutando-se outros, ainda que estes representem o mesmo tipo de “indecência” ou “vulgaridade”, em verdade, inexistentes. Mostraram a ignorância de abarcar as práticas de culto ao corpo mercadológicas, negando automaticamente aquelas que deles se afastam e podem representar um caminho para a liberdade. A putaria, no fim das contas, está cristalizada na mente limitada de cada um de nós, ao persistir com a estratégia que fragmenta aquilo que deve ser aceito ou não, pautando tal julgamento por práticas e pensamentos patriarcalistas que, em tal seleção, perspassa pelo gênero e pelo padrão estético: os dignos de publicidade podem – e devem – ser expostos ao máximo.
Mas a mulher, ao longo de muitos séculos, teve seus seios diretamente vinculados à sexualidade e ao prazer masculino. E o corpo masculino, livre de blusas, não será, em muitos casos, extremamente atraente para homens que gostam de homens? Não existirá diversos homossexuais intimamente e sexualmente tentados pelos peitorais exibidos? Se não nos damos o valor (como se valor e respeito fosse algo necessário de ser provado, para se exigir) ao livrarmos-nos do pudor sexista calcado na mente da maioria, pedindo para sermos desrespeitadas por mostrarmos nossos mamilos (porque o restante já é calmamente aceitado), estarão os machos que largam as blusas em um dia de calor fazendo uma solicitação para serem sodomizados?
A Marcha das Vadias

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