Fazendo etnografia: reflexões e críticas sobre o método etnográfico
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
FAZENDO ETNOGRAFIA: REFLEXÕES E CRÍTICAS SOBRE O MÉTODO ETNOGRÁFICO
Thais Cristina Albano
No século XIX a Antropologia era uma disciplina no qual suas pesquisas eram executadas a partir de uma divisão de tarefas entre os agentes envolvidos, ou seja, pesquisador e observador.
O observador das sociedades tidas como simples, eram geralmente viajantes, missionários e administradores, que tinham ótimos conhecimentos sobre o modo de vida dessas populações no meio das quais viviam. A função desses observadores era de prover informações sobre esses povos, os modos de vida, os hábitos, os costumes, as formas de trabalho e etc.
Já o pesquisador erudito, permanecia na metrópole e recebia essas informações, analisava e as interpretava, uma atividade considerada nobre. Era a chamada Antropologia de Gabinete, realizada dentro de instituições sem convivência com as populações que se dispunham a analisar.
No primeiro terço do século XX ocorre uma revolução nas formas de se realizar as pesquisas, pois o pesquisador passa a compreender a necessidade de estar em contato com as populações que são seu objeto de estudo, de compartilhar experiências que permitam compreender a cultura pela vivência concreta nela, ou seja, morar junto aos nativos participar do seu cotidiano, comer as suas comidas, participar das festas, viver no meio dessas populações, aprender seus costumes, sua língua enfim sentir por ele mesmo, na medida do possível as emoções de conviver com o outro.
É a partir desse momento que surge a etnografia propriamente dita, em que o pesquisador percebe que ele mesmo deve executar no campo sua própria pesquisa, visto que o trabalho de observação direta é parte integrante da pesquisa.
Esse trabalho de ir a campo passa a ser considerado como a própria fonte de pesquisa, visto que a cultura do outro só se torna inteligível ao