Estudante

Universidade Federal do Rio de Janeiro
Literatura Brasileira II

Questão 3: A abundância presente na personagem Baleia, em meio à escassez do sertão.
Em meio a um cenário de desolação, Graciliano Ramos nos insere em sua obra Vidas Secas. A realidade do sertão nordestino é exposta, mostrando quão sofrida era a vida daqueles que se encontravam diante da seca. A história de uma família humilde, de retirantes nordestinos, em busca de um lar que suprisse suas necessidades é o cerne desta narrativa. Um cenário de seca, secura afetiva, secura de água e um cenário de morte, em que ossadas e o negrume dos urubus fazem parte da paisagem do romance. Durante a narrativa, Graciliano utiliza com maestria adjetivos que só enfatizam o título da obra e a tamanha ausência de água, como: folhas secas, fazenda sem vida, deserto, rio seco, lama seca, sede.
Os personagens inseridos nesse âmbito familiar são peculiares, não possuem um relacionamento familiar convencional, e sim, um relacionamento familiar animalizado, em que chutes, cascudos e pontapés são as principais demonstrações de afeto entre eles. Não se comunicavam muito bem entre si, o próprio papagaio da família não aprendera uma palavra sequer. De fato, eles são bem peculiares. Fabiano, um homem bruto, ignorante e desprovido de palavras - seriam mesmo palavras ou urros? -, um homem que faz questão de ser comparado a um bicho, “sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades” (p. 19). Sinha Vitória, uma senhora esperta, sabe fazer contas, visa além daquela miséria; tem o sonho de possuir uma cama tão boa quanto a de seu patrão, pois é frustrada por dormir em varas. Sobre as duas crianças da narrativa - O menino mais novo e O menino mais velho – é interessante perceber que não foram nomeadas, isso é uma característica da despersonificação desses personagens; em um momento da narrativa, os dois irmãos se perguntam como os homens podem guardar tantas palavras, uma questão que aliviava a falta de nomes deles.
Diante do