estudante

JUNTANDO MEUS CAQUINHOS...

São muitas as lembranças de mim...
Aquele vaso pequenino, todo de cristal,
Valioso, lapidado e excessivamente bem cuidado,
Naquele pobre lar, com tanta riqueza de amor, sem igual

Não são poucas as lembranças de mim...
Minha mãe uma bela quituteira, cocadas de fita, doces cítricos cristalizados no tacho de cobre
Mãos de fada, caprichosa, trabalhadeira
Sorriso cativante, face morena, traços nobres

São muitas as lembranças de mim
Meu pai, bravo padeiro, pães fofos e quentinhos
Todas as madrugadas frias,
Serenas, chuvosas, nas janelas dos vizinhos,
Pouco letrado, porem nas cadernetas tudo anotado,
Ensinou-me cedo, os números, as continhas, a tabuada

As lembranças de criança, não morreram em mim...
Bonecas de pano, espigas de milho loirinhas
Inocência de infância, brinquedos sapecas
Colégio de freiras, saia azul marinho, blusa branca, surrados
Cabelos bem penteados, castelos de vento, sonhos sem fim

No jardim de minha existência, há muitas lembranças de mim...
Lindas flores perfumadas, rosas, orquídeas, amor-perfeito e jasmins
E a banda dos pássaros cantantes,
Araguaris, beija-flores, canarinhos e até bem-te-vis

Nas imensas lembranças de mim,
Nesta trituosa e brava caminhada,
Não faltaram os espinhos e muitas pedras no caminho
Com firmeza tudo acomodado,
No fundo do meu cantinho
Enchi de pétalas os buracos e perfume por esta estrada

Nestas lembranças de mim,volto uma cidade sorriso, distante do capim mimoso, arraial das ventanias
Estrada de ferro, Maria fumaça e os encontros de família.
Avós, tios, primos, amigos, longa espera na estação
O apito do trem, lágrimas e muita emoção.

Quantas lembranças de mim
Meus três irmãos,o caçulinha,olhos verdes e que graça
O destino nos trás de volta, e junto a decepção
Sonhos e esperanças, em estilhaço
Faltam pedaços, vovó, vovô, onde estão?

Que tristes lembranças de mim
Este vaso de cristal começou a trincar
Minha jovem