Espelho de Príncipe
Espelho de príncipe é um gênero literário utilizado com o intuito de orientar reis e príncipes sobre a arte de governar. “As obras do gênero constituem autênticos tratados sobre o comportamento moral dos soberanos, com pretensões declaradas de conduzir as cabeças coroadas na direção do bom governo” . Esta formação incluía conselhos na arte da guerra, no modo de agir, nas qualidades e defeitos que deveria possuir e também na forma de manter seu reinado. Nos espelhos de príncipe, a história é usada para servir como exemplo de erros e acertos dos antigos governantes através de metáforas e ensinando assim qual seria o comportamento adequado não só na vida política, mas também na vida pessoal.
O gênero surgiu na era medieval e eram dedicados de forma exclusiva aos príncipes para sua formação através de reflexões morais e políticas, com o objetivo de propagar o monarca ideal para outros territórios e assim impor seu poder. Os espelhos de príncipe eram escritos majoritariamente pelos clérigos que definiram o modelo de rei como alguém que possuía virtudes e valores cristãos, como justiça, caridade, fé, etc. No entanto, foi através de O Príncipe de Nicolau Machiavel e Educação do Príncipe Cristão de Erasmo de Rotterdam que ocorreu a restruturação do gênero.
Em O Príncipe dedicado a Lorenzo II de Médici, Maquiavel escreve sobre estratégias de guerra para se invadir um território, sobre reflexões morais, qual o comportamento adequado para se tornar um príncipe lembrado por todos e conselhos de como governar o seu território, limita-se a descrever os modos de pensar e agir do seu tempo. Maquiavel prevê situações que podem ocorrer nos diversos momentos de um governante e com isso cita as soluções para os problemas, não diz se é uma solução boa ou ruim, apenas se é eficiente ou não. Também não emite opiniões acerca dos antigos reis e imperadores, ou sobre as soluções descritas.
Para se governar um reino e ser considerado um bom governante é