Entre os Muros da escola

Entre os muros da escola.

Esta obra retrata o universo escolar sob a visão de um jovem e desastrado mestre de francês, François, um alterego do próprio autor, o qual, aliás, interpreta o papel principal no filme inspirado em seu romance. Ele não privilegia, porém, apenas o ponto de vista do professor, pois suas lembranças de estudante ainda estão muito vivas.
Sendo assim, ele também reserva aos alunos um espaço na escola pública da periferia de Paris, não só materialmente, mas também no que concerne ao direito de livre expressão de cada um dos frequentadores da sétima série, turma enfocada em "Entre os Muros da Escola".

O professor é veterano na escola e está constantemente envolvido nos tradicionais confrontos encenados em sala de aula pelos mesmos alunos, que vivem encontrando razões para enfrentar o docente pelos motivos mais ínfimos. Eles determinam a programação do curso e também a forma de agir de François; isso lhes permite igualmente indicar a direção impressa à própria narrativa.

A intenção do autor, portanto, é clara. Ele não pretende criar uma obra que detenha somente a versão dos professores; os estudantes têm livre acesso a sua história. Os confrontos entre educador e alunos em sala de aula expressam muito bem a problemática instaurada na interação entre o profissional e seus discípulos.

Estes desafios traduzem não somente o contexto da educação na França, como um espelho da vida social francesa pós-moderna, mas também a realidade educacional brasileira, dada a seriedade dos desafios encontrados pelos profissionais dos dois países na prática escolar cotidiana. O autor não deixa de debater, igualmente, a questão da educação em si.

O filme, conduzido em 2008 pelo cineasta Laurente Cantet, apresenta uma excelente produção e uma narrativa rica em detalhes. Há cenas que levantam questões realmente provocativas; em uma delas um professor, no início do ano