Dosador de materiais
Elsa Mota*, Ana Simões* e Paulo Crawford**
Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências
*CHCUL e **CAAUL
Introdução
Em Novembro de 1915, após vários anos de tentativas infrutíferas,
Albert Einstein obteve as equações do campo gravítico geralmente covariantes − a teoria da relatividade geral (TRG) − e mostrou que a solução esfericamente simétrica destas equações explica a anomalia da precessão da órbita de Mercúrio.
O grande triunfo da TRG teve lugar após a observação do encurvamento dos raios luminosos, durante o eclipse de 29 de Maio de 1919, realizada por Arthur Stanley Eddington (1882-1944) no Príncipe e Andrew
Crommelin no Brasil. Quando em Novembro é anunciado em Londres que estas medidas confirmavam as previsões da TRG,1 Einstein é aclamado como o génio que destronou Newton. Torna-se de um dia para o outro, aos olhos da opinião pública, no maior e mais famoso cientista de sempre, com a popularidade de uma estrela de cinema, cujas opiniões científicas, políticas ou morais passam a ser escutadas com respeito e admiração. E Einstein, que até então tinha tido um envolvimento político relativamente discreto, usa a sua celebridade, nos anos que se seguem, na defesa de várias causas que lhe eram caras como o pacifismo, o Sionismo, a luta contra o racismo e o desarmamento nuclear.2
Se a recepção da teoria da relatividade, nas suas versões especial e geral, tem recebido grande atenção da parte da comunidade internacional de historiadores da ciência,3 o caso português tem sido pouco estudado no contexto internacional.4 No plano nacional, este tópico tem recebido atenção principalmente no que concerne à recepção da teoria por parte da comunidade de matemáticos.5 Propomo-nos aqui contribuir para tornar conhecida uma outra faceta desta história. Com efeito, o impacto da observação do eclipse de 1919 e de outras