DESAMPARO E DOR PSÍQUICA NA ESCUTA DA PSICANÁLISE

DESAMPARO E DOR PSÍQUICA NA ESCUTA DA PSICANÁLISE
Carolina Neumann de Barros Falcão DOCKHORN
Mônica Medeiros Kother MACEDO
Blanca Susana Guevara WERLANG

Palavras-chave: Desamparo. Dor psíquica. Escuta. Psicanálise.
No século XIX, nasce a Psicanálise como uma revolucionária forma de compreender os misteriosos sintomas conversivos que a histeria expressava. Ao embrenhar-se na investigação das dores da alma, constata existir no sofrimento histérico algo mais a ser desvelado. Na hipótese de ser a histeria uma doença de reminiscências, demarca-se a atemporalidade dos processos psíquicos. Esse passado-presente atualiza e revigora as dores da alma, tornando-as ainda mais dramáticas. Assim, a Psicanálise propõe-se a escutar aquilo que paradoxalmente aparecia como dor intensa via contorções, paralisias, distúrbios funcionaisA importância do ver desloca-se em relação ao escutar. A realidade e a dramaticidade presentes nos produtos psíquicos exigem uma diferenciação: não se trata apenas de ouvir o que o paciente tem a dizer, mas, sim, efetivamente escutá-lo. Nesse desafio à escuta, a Psicanálise oferece seu arcabouço teórico e seus recursos da técnica. A complexidade do Inconsciente exige e impõe o requisito de uma singularidade de escuta.
O desamparo e a dor na metapsicologia do Projeto
Freud (1976) afirma que o aparelho neurônico é constituído pelos sistemas φ, ψ e ω, sendo estimulado desde o mundo externo e desde o interior do próprio corpo. Cada um com suas funções e capacidades diferentes. Ambos os sistemas φ e ψ dão conta de quantidades de energia no aparelho neurônico. A qualidade, que diz respeito aos aspectos sensíveis da percepção, é uma característica essencial da consciência. Freud (1895/1976) supõe, então, a existência de um terceiro sistema de neurônios – sistema ω – o qual é excitado junto com a percepção, produzindo qualidades subjetivas, sensações conscientes. A consciência é, assim, entendida como o lado subjetivo de uma parte dos