Derasto

1791 palavras 8 páginas
Publicado em 1862, Lucíola é o primeiro romance de José de Alencar em que o homem e mulher se confrontam num plano de igualdade, dotados de peso específicos e capazes dum amadurecimento interior inexistente em seus outros personagens.
Ambientado no Rio de Janeiro, o romance é narrado em 1ª pessoa. Paulo, narrador-personagem, assume uma posição fundamental na narrativa, pois estando envolvido na ação, ele tem uma visão parcial (unilateral) dos acontecimentos que narra, tornando assim os gestos, as ações e as palavras dos personagens ambíguas, duvidosas e de significados imprecisos.
O romance é fruto de diversas cartas que Paulo envia a uma senhora conhecida, contando seu relacionamento com Lúcia. O título dado à coletânea de cartas, “Lucíola”, é uma analogia entre o inseto Lucíola e a personalidade de Lúcia. O narrador compara o “inseto noturno que brilha em meio à lama” à “pureza da alma de Lúcia, que ainda existe apesar de ela estar num abismo de perdição”.
Paulo Silva, homem provinciano recém formado bacharel, conta que conheceu Lúcia no dia em que chegou ao Rio de Janeiro. Fica impressionado com sua beleza e seus modos ingênuos. No dia seguinte é apresentado a ela por seu amigo Dr. Sá, durante a festa de Nossa Senhora da Glória. Nesta ocasião é que fica sabendo que Lúcia é a prostituta mais requintada e disputada do Rio do Janeiro. O narrador, no entanto, fica intrigado com o jeito da meretriz: ela tem uma “expressão cândida no rosto e a graciosa modéstia do gesto.
Alguns dias depois, Paulo vai à casa de Lúcia, desejoso de possuí-la em seus braços. Depois de uma longa e animada conversa, Paulo percebe que há certo pudor na cortesã: seu perfume é suave e, com um simples despontar da curva do seio num movimento, ela arruma o vestido discretamente, enrubescendo. Todas essas circunstâncias levam Paulo a duvidar se ela é mesmo quem dizem ser. Intrigado, comenta o ocorrido com Dr. Sá, seu amigo, que lhe adverte que ela é excêntrica: só se entregava a quem queria e a

Relacionados