Dalton trevisan

1750 palavras 7 páginas
PERENE PRIMAVERA

O invejável início abrupto e forte de “Eis a Primavera” parece determinar logo no primeiro parágrafo o destino de toda a narrativa. É sem preâmbulos, explanações ou desculpas que o leitor é recebido - preciso indício do estilo de Dalton Trevisan e característica que se repete em quase todos os outros contos que compõe o seu livro “O Rei da Terra”, publicado em 1979. E ao chegar ao final do conto qual não é sua surpresa ao se deparar com a ausência de epílogo tradicional. É assim que o autor quebra com a simetria, traz o novo e deixa a impressão de que seria possível começar um outro conto logo depois daquele ponto final que indica o início da primavera.
Seguindo os princípios da famosa técnica contemporânea show, don’t tell, Trevisan guia o leitor durante todo o texto por meio de sugestões e implicações. Poucos adjetivos são atribuídos aos personagens, que “caracterizam a si mesmos” por meio de suas ações e nuances, essas sim descritas no texto. O conto é dinâmico na medida em que a resolução das situações de conflito cabem ao leitor, e não ao autor ou ao narrador, que em nenhum momento faz um julgamento dos personagens. Assim como já acontece em Tchekhov, em Dalton Trevisan a literatura deve expor os problemas, não solucioná-los.
Nesse conto, percebemos não o falso realismo de um mundo de relações de causa e efeito e de psicologias definidas, pelo contrário. O realismo (ou, como foi convencionado, “neo-realismo”) em “Eis a Primavera” se faz presente na ausência das certezas espirituais. No conto de Trevisan, no qual o enredo centra-se nos sofrimentos de um homem à beira da morte que tem na chegada da primavera sua esperança de cura, nada se justifica pelo mero maniqueísmo. Ele expõe as misérias morais a partir da tensão entre o sujeito e o mundo e ilustra o motivo do sofrimento com um personagem instaurado na instabilidade entre o desejo e a inércia.
O único personagem ao qual são atribuídas características físicas é o principal. É João

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