Crónicas

Meus queridos,

Faltava-me a inspiração para escrever a crónica da minha curta estadia em STP, por ainda estar sob o efeito do choque. Agora que mergulhei de corpo e alma no meu curso libertei-me dos meus fantasmas e decidi que esta vai ser também a forma de os expurgar.

Aturem-me, leiam-me até ao fim se vos apetecer. Haverá alguns pequenos grandes detalhes que não contarei porque são penosos e poupo-vos. Outros menos interessantes. Outros, que não têm nada com isso. Outros que se apagaram e outros que guardo para contar pessoalmente. Tenham misericórdia e aceitem. Esta não foi uma “viagem” fácil, nem comum, como o foram tantas outras viagens, férias ou vivências que tive no passado recente, mas vale a pena depositar aqui, memórias de um período curto (quase 2 meses), mas que de tão intensa e vivida, valeu-me por alguns anos. Releiam o Equador e pouco mudou desde as excelentes descrições da época.

Fazia planos para lá ir curtir a meia idade, mas voltei antes de ser apanhada pela dita e antes que alguém me recomendasse o uso de injecções de botox. 48 horas após pisar aquele chão, entalei-me numa porta de um carro. Fartei-me de chorar com a dor e este foi o primeiro sinal de que a experiência ia ser negra. E negra ficou a minha unha. Hoje quando olhei para ela, agora que o sangue pisado com o crescimento começa a desaparecer, decidi que ia finalmente cortar o peso dessas lágrimas. Safei-me por uma unha negra. Passemos à crónica desta aventura.

A choradeira estava montada no aeroporto da Portela juntamente com a muita chuva, depois de um dia intenso, entre as ultimas compras e as emoções das despedidas, com a casa cheia de filhos e amigos que se vieram despedir e ajudar-me a fazer 3 malas gigantes de roupas de verão, panos de cozinha, tupperwares e mais coisas para uma casa que eu iria fixar em STP. Para imaginarem a confusão que reinava, enfiei dentro das malas o conteúdo de um cesto de roupa lavada cheio de meias pretas e boxers dos meus rapazes. Em casa