CRISE DA CIDADE CONTEMPORANEA

7125 palavras 29 páginas
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 10(4) 1996

A CRISE DAS CIDADES CONTEMPORÂNEAS desafios do futuro

MARIA MARGARIDA CAVALCANTI LIMENA
Professora do Departamento de Sociologia da PUC-SP

U

m dos principais desafios do pensamento contemporâneo é, sem dúvida, compreender as grandes cidades no limiar do século XXI. A decadência das metrópoles é insistentemente evidenciada pela literatura, pelo cinema, pelas análises urbanísticas e sociológicas especializadas, que configuram imagens nas quais o passado e o futuro das cidades parecem estar diluídos no seu presente, em suas múltiplas identidades e fragmentações. Algumas manifestações – como o cinema e a literatura – conseguem captar, em grande parte, o espaço urbano como o lugar do habitar, do representar e do encenar, através de signos que traduzem os significados e o caráter das grandes cidades. Boa parte dos diagnósticos e interpretações de caráter científico, no entanto, embora orientados por princípios globalizantes ou totalizantes, reduzem a problemática urbana a seus aspectos estruturais ou funcionais, ou, ainda, a efeitos decorrentes de latências peculiares aos processos urbanos.
A crise das megacidades, como Nova Iorque, México,
Tóquio e São Paulo – em seu internacionalismo e cosmopolitismo – evidencia uma visão de cidade que, ao mesmo tempo em que são trazidos à luz os problemas especificamente urbanos – como crescimento desordenado, ausência de infra-estrutura para absorver o aumento da população, distintas formas de exclusão –, aponta no sentido de recuperar a historicidade do fenômeno urbano e da própria modernidade como maneira de responder às demandas e expectativas das cidades do futuro.
As grandes metrópoles, especialmente, confundem-se com a própria modernidade, em seus aspectos contraditórios e ambíguos, continuidades e descontinuidades.
Isto implica, para a compreensão, a necessidade de situar não apenas os sentidos da modernidade mas do próprio

urbano, como forma de lastrear as

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