Crianças Invisíveis

Análise Comparativa entre "Capitães da Areia" e "'Bilu e João"

Além da visível denúncia sobre a vida de crianças crescidas nas ruas, não que esse fato estivesse escondido, Capitães da Areia e Bilu e João são como uma porta para o mundo interior da humanidade. Cada um tem dentro de si um moleque que possui dores e moléstias, medos e alegrias simples.

Procuramos o consolo divino. Por vezes nossa carência não vem da falta da família, mas por sua omissão, violência ou excesso de proteção. Somos como crianças soltas no mundo. As ruas da Bahia e de São Paulo das histórias são substituídas pelas ruas da vida real.

Como na vida real, na história dessas crianças marginalizadas também há contradições, pois havia ordem em suas vidas. As leis nunca tinham sido escritas, mas existiam na consciência de cada um. Havia um sentimento de irmandade que os impulsionava a proteger uns aos outros. Na nossa vida real, ainda não aprendemos essas leis nos escritórios, escolas e famílias.

Então como julgar alguém por seus erros ou sua origem? Não podemos exigir uma moral daqueles que conheceram o lado excluído da sociedade. As diferenças no texto são gritantes, mas seus nuances estão ao nosso lado. A pobreza disfarçada do nosso vizinho, a violência recalcada de um amigo, a indiferença com os moradores de rua... Não há como “socializar” a todos.

O argumento é simples: “A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo”. É isso que um homem deve ter para conhecer o que é bom: liberdade! Talvez por isso reformatórios e similares não funcionam.

Podemos perceber que esses problemas vão muito além de datas, pois enquanto Capitães da Areia se passa nos anos trinca, Bilu e João se passa nos dias atuais. Esses são problemas do tipo constantes e, pior do que isso, estão penetrando na humanidade, pois sempre se estruturam no egoísmo e na ambição.

As crianças marginalizadas são as maiores vítimas de nossa indiferença, sofrem com o abandono, as condições miseráveis, a violência e a